segunda-feira, 12 de maio de 2008


Tartes de mirtilho e outras histórias

Podiam ser as cerejas, como as conversas, tal como as conversas nos podem fazer chegar ao Sabor do Amor.
Nome pomposo mesmo vindo de um romântico incorrigível.
Ainda bem que é assim.
O melhor é não ligar aos que despacham nos jornais acusações de colagem ao cinema americano, ou cobranças de falta de identidade.
Há coisas simples que humanamente tendemos a complicar.
Para quê explicar porque é que ele faz tarte de mirtilho que ninguém come, até ela aparecer...?
E como é possível ele não deitar fora um vaso cheio de chaves perdidas, só porque contém histórias alheias, e até a dele?
Penso em todos os pequenos papeis que se amontoam ano após ano, só porque não consigo desligar-me. E quantas tartes de mirtilho estamos dispostos a fazer, até encontrar o Sabor do Amor?
E continuo, mesmo com nova geografia e paisagem americana rendida à explosão de cores, às deambulações, aos objectos que filtram e se intrometem nas acções das personagens.
A uma belíssima história de amor.
Este não foi um sonho, foi um reencontro feliz com o cinema de Wong Kar Wai.

5 comentários:

Luís F. disse...

Tenho mesmo de ir ver…
Sim, as críticas são arrasadoras, mas NUNCA deixaria de ir ver um filme do Wong Kar Wai nem que chovesse canivetes!!!

Meres disse...

oh sou da tua inteira opinião!
Adorei o filme, toda a gente diz que é para americano ver, não acho, acho que ele volta-nos a tocar com os seus pequenos pormenores, adorei o filme!
Beijos

Anónimo disse...

Também quero!!!!

LuisElMau disse...

não posso dizer que não tenha gostado do filme, Wong Kar Wai é realmente bom e este filme não foge à regra, mas de todos os filmes que vi dele achei este o mais pobre, não gostei da versão quase folk do tema principal da BSO do In The Mood For Love, não gostei da enorme diferença que notei na interpretação da Norah ao longo do filme, pelo menos acho que serviu para ela aprender alguma coisa, senti a interpretação a melhorar ao longo do filme, senti cortes e erros de montagem que nunca tinha sentido nos filmes dele, senti diferenças de ritmo grandes de mais para a minha opinião e por fim achei o argumento quase banal e não é simples é mesmo banal, na verdade achei o mesmo que a maioria da critica, um filme para americano ver, quase banal, não fosse a maravilhosa fotografia e realização e tinha sido uma desilusão para mim.

Soft Bites disse...

É uma pena que tenhas ficado desiludido, se fores um seguidor de Wong Kar Wai, provavelmente esperaste com curiosidade para ver. Sei bem o que isso custa.
Concordo que existe uma montagem menos elegante, mas não chega para me desinteressar.
Quanto à banalidade...é terreno de eleição para quem conta histórias de amor.
Não há nada para contar, é pura capacidade de criar sensações.
Uma rapariga perdida de mal amada, um homem pendurado em dezenas de chaves, compassos de espera, (e estão lá como sempre estiveram no cinema dele), objectos que marcam as vidas, como as fichas do alcoólico, ou como noutros filmes, latas cujo prazo acaba numa data precisa. Podiam ser papéis que não conseguimos deitar fora, fotografias, ou mensagens no telemóvel que não apagamos. Pessoas que se desencontram de um caminho, podem estar nos estados unidos, como já estiveram em Buenos Aires.
Uma cascata fetiche do romance, ou um tango, podem ser tão banais como uma rapariguinha perdida...Haverá casal mais patético, banal, real e magnifico do que aqueles dois “Felizes Juntos”?
Por ultimo, não sendo grande entusiasta da Norah, acho que ele soube protegê-la, ao diminuir a personagem que lhe deu, perante a força dos outros companheiros de tela.
Não é a Norah que se apaga, é a personagem, absorvida por outras histórias de dor.
Que pena que não gostaste...espero que não desistas no próximo.